Em declarações à agência Lusa, o candidato presidencial apoiado pelo PCP foi questionado sobre a atual situação dos incêndios no país e identificou "um problema estrutural" nesta matéria.

"Em primeiro lugar, porque o combate aos incêndios é feito sobretudo no inverno, ou seja, através de uma política de prevenção e, concretamente, de limpeza das florestas e de repovoamento do interior do país e, portanto, desta parte do país que devia ter sido abordada e não foi", lamentou.

De acordo com António Filipe, sempre que há "um ano particularmente difícil em termos de incêndios rurais", é nomeada uma comissão para "estudar a situação, estabelecer um diagnóstico e fazer recomendações", o que, lembrou, já aconteceu várias vezes nas últimas décadas.

"O problema é que muitas das recomendações ficam no papel e, quando temos uma situação climática mais complicada, os incêndios voltam com grande intensidade, e é isso que estamos a ver", disse.

Considerando que "todas as precauções são insuficientes para evitar os incêndios", para o candidato presidencial do PCP, quando estes ocorrem, "é necessário apoiar os bombeiros o mais possível" e "mobilizar todos os recursos disponíveis, incluindo a necessidade de pedir ajuda a países que a possam prestar".

Questionado sobre se considera que Portugal já deveria ter ativado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, António Filipe defendeu que essa "é uma avaliação que as autoridades de proteção civil devem fazer".

"Elas estão mais habilitadas do que eu para o fazer. Penso que se virmos dificuldades que não podem ser ultrapassadas com os nossos recursos, esse apoio deve ser solicitado e as autoridades de Proteção Civil determinarão se é necessário", defendeu.

Para o antigo deputado comunista, "o que é preciso é mobilizar todos os recursos disponíveis nesta fase para combater os incêndios" e depois discutir o assunto para ver o que é preciso alterar nas políticas de prevenção.

"Infelizmente, todos nós assistimos a isto há muitos anos, mas depois as medidas acabam por ser tremendamente insuficientes em termos de prevenção", lamentou, considerando que "o papel pode tratar de tudo", mas depois o problema é pô-lo em prática.

António Filipe apelou ainda para que a carreira de bombeiro se torne mais atractiva.

"Precisamos que os jovens se sintam atraídos pela carreira de bombeiro e que tenham vontade de ser bombeiros, mas para isso é preciso haver incentivos que atualmente não existem", apelou.

Por outro lado, o Estado deve garantir apoios para que as associações humanitárias de bombeiros "tenham recursos suficientes para trabalhar".