Do sector aeroespacial à banca, do retalho às energias renováveis, as empresas francesas vêem cada vez mais Portugal não só como um mercado estável e atrativo, mas também como uma plataforma estratégica para a inovação, a produção e a prestação de serviços.

Um dos aspectos mais marcantes desta tendência é a sua amplitude. Na indústria, destaca-se o sector automóvel, com os principais fabricantes e fornecedores de componentes a expandirem a sua presença. O sector aeroespacial também se tornou um símbolo desta colaboração, uma vez que os intervenientes globais utilizam instalações portuguesas para apoiar a produção e os serviços de elevado valor. As infra-estruturas e os transportes são outra área em que as empresas francesas desempenham um papel fundamental, desde as concessões aeroportuárias aos projectos de engenharia avançada.

A economia de serviços conta uma história semelhante. Os serviços bancários e financeiros, há muito dominados por instituições locais e espanholas, estão agora a assistir a uma presença francesa mais forte, trazendo capital e inovação. Simultaneamente, as multinacionais francesas dos sectores da consultoria, dos serviços de TI e dos centros de serviços partilhados estão a tirar partido da mão de obra multilingue e do ambiente empresarial favorável de Portugal para estabelecer operações globais. O retalho, a hotelaria e os bens de consumo são outros sectores em que as marcas francesas são conhecidas, empregando milhares de pessoas e contribuindo para a modernização da paisagem comercial portuguesa.

O que explica esta atração crescente? Vários factores convergem para fazer de Portugal um destino atrativo. O país oferece estabilidade política no seio da União Europeia, uma mão de obra qualificada e adaptável e custos operacionais competitivos em comparação com outros mercados da Europa Ocidental. A sua posição geográfica, próxima de França, mas também uma porta de entrada para África e para as Américas, torna-o um centro natural para empresas com ambições globais. Além disso, o Governo português tem promovido de forma consistente o investimento direto estrangeiro, criando um quadro de incentivos e parcerias que encorajam o compromisso a longo prazo.

O efeito na economia portuguesa é significativo. As empresas francesas estão não só entre os maiores empregadores estrangeiros, mas também entre os mais integrados no ecossistema local. Os seus investimentos estimulam a criação de emprego, reforçam as cadeias de abastecimento e promovem a transferência de conhecimentos em sectores vitais para o futuro do país, como a energia verde, os serviços digitais e a indústria transformadora avançada. A presença de actores globais de primeiro plano também melhora o perfil de Portugal nos mercados internacionais, tornando-o mais competitivo como destino para novos investimentos.

Olhando para o futuro, a relação entre a França e Portugal em termos económicos parece destinada a aprofundar-se. Mesmo em momentos de turbulência política ou económica em França, a dinâmica do investimento empresarial em Portugal mantém-se estável, reflectindo a confiança no potencial do país a longo prazo. Para Portugal, esta vaga de investimento direto francês é mais do que um impulso ao crescimento: é uma parceria estratégica que reforça o seu papel no panorama industrial e financeiro da Europa.

À medida que novos projectos nos sectores bancário, tecnológico, das energias renováveis e aeroespacial ganham vida, a mensagem é clara: Portugal não é apenas um recetor de capital, mas um parceiro de eleição para as empresas francesas que procuram inovação, resiliência e alcance global.