Dados enviados à Lusa pela Guarda Nacional Republicana revelam que, desde o início do ano e até 28 de setembro, a GNR deteve 58 pessoas em flagrante delito pelo crime de ateamento de incêndios florestais, mais 22 do que em igual período de 2024, número superado em 2022 (72) e 2023 (63).
De acordo com a GNR (Guarda Nacional Republicana), 333 pessoas foram detidas pelo crime de incêndio florestal desde 2020, ano em que foram detidas 52, número semelhante em 2021.
A GNR refere ainda que este ano identificou 713 pessoas pelo mesmo crime, mais 162 do que em 2024.
Os anos com maior número de suspeitos identificados foram 2021 (857), 2022 (1.103) e 2023 (970).
Vigilância de incêndios
Relativamente à vigilância e deteção de incêndios, a força de segurança emitiu este ano, até 28 de setembro, 3.115 autos de infração, dos quais 2.507 por falta de gestão de combustível (limpeza de terrenos), 460 por uso indevido do fogo e 37 por restrição de acesso.
As infracções por falta de limpeza de terrenos aumentaram 8,9% este ano em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as infracções por uso indevido do fogo diminuíram 32% e as restrições de acesso duplicaram.
Apesar de terem aumentado este ano, as multas por falta de limpeza têm vindo a diminuir desde 2020, ano em que foram emitidas 4.737 multas, para 3.207 em 2022, voltando a cair no ano seguinte para 2.288, e em 2023, 2.602.
A GNR, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), considera "a proteção do ambiente e dos animais como uma preocupação diária", podendo ser utilizada para o efeito a Linha SOS Ambiente e Território (808 200 520). Funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, para denunciar infracções ou esclarecer dúvidas.
A Lusa solicitou ainda à Polícia Judiciária dados sobre as detenções, mas não obteve resposta.
Nesta época de incêndios, arderam até à data cerca de 270 mil hectares. Este é o quarto pior ano em termos de área ardida, depois de 2017, 2003 e 2025.
Os incêndios deste ano causaram ainda quatro mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, bem como a destruição total ou parcial de casas de primeira e segunda habitação, explorações agrícolas, gado e florestas.
Portugal foi afetado por ondas de calor entre julho e agosto, que favoreceram a ocorrência de incêndios rurais, sobretudo no interior norte e centro do país. Foram registados 25 dias consecutivos de incêndios, alguns dos quais, como o que deflagrou em Piódão e Trancoso, duraram 11 e oito dias, respetivamente.
Este ano deflagraram um total de 7.715 incêndios, segundo dados do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR), o que revela uma diminuição do número de incêndios nos últimos anos, embora este ano tenha registado o maior número desde 2022.
As regiões mais afectadas pelos incêndios este ano são a região Centro, com 185.461 hectares de floresta ardida, e o Norte, com 70.690 hectares.