Quando um banco privado suíço como o Julius Bär decide abrir um novo escritório em Lisboa, é mais do que uma simples mudança de negócio. Reflete a evolução do panorama financeiro e económico de Portugal. A instituição sediada em Zurique, com mais de 130 anos de vida de banca privada, anunciou os seus planos num comunicado oficial esta semana, que vai abrir um escritório na Avenida da Liberdade, uma das moradas mais prestigiadas de Lisboa, antes do final de 2025.
Para uma marca há muito associada à estabilidade, discrição e sofisticação internacional, este novo passo envia um sinal forte. Portugal, outrora visto como um mercado europeu periférico, está agora a ser reconhecido como um destino crescente tanto para a riqueza como para a inovação. A transformação do país na última década, de uma história de recuperação pós-crise para um centro de tecnologia, investimento e talento internacional, chamou a atenção de empresas que historicamente gravitaram em torno de Londres, Zurique ou Madrid.
Até agora, os clientes portugueses de Julius Bär eram geridos pelo escritório de Madrid da empresa, sob a liderança de José Maria Cazal-Ribeiro, que desde 2019 supervisiona o desenvolvimento do mercado português. O crescimento consistente desta base de clientes justificou agora o estabelecimento de uma presença local. No início de 2026, a equipa existente irá mudar-se para o novo escritório de Lisboa para continuar a servir clientes ricos e de elevado património líquido em Portugal, garantindo a continuidade e fortalecendo as relações no terreno.
Essa expansão encaixa-se na narrativa estratégica mais ampla. Em toda a Europa, a Julius Bär opera através da sua subsidiária europeia, Julius Baer Europe Ltd., com escritórios em Dublin, Madrid, Barcelona e Milão. A decisão de adicionar Lisboa a esta lista reflete uma clara convicção de que Portugal entrou numa nova fase de maturidade económica, onde a gestão de riqueza e a banca privada podem florescer juntamente com os setores tecnológico e imobiliário em expansão do país.
Lisboa já não é apenas uma capital pitoresca nos confins da Europa. Tornou-se uma porta de entrada para investidores internacionais, empreendedores e cidadãos globais que procuram oportunidades e qualidade de vida. A convergência de fatores, desde a estabilidade política e clareza fiscal ao influxo de talento digital e capital global, tem tornado Portugal um mercado cada vez mais atrativo para as instituições financeiras que querem estar próximas dos seus clientes.
Para Julius Bär, o novo escritório de Lisboa aprofundará a sua proximidade a uma comunidade crescente de investidores sofisticados e clientes com mobilidade internacional. Mas, simbolicamente, representa também algo maior, o alinhamento entre a excelência financeira do velho mundo e o potencial do novo mundo de Portugal.
À medida que Portugal continua a atrair empresas tecnológicas, startups e indústrias orientadas para a inovação, a sua emergência como destino de gestão de riqueza é o próximo passo natural. A chegada do Julius Bär, um dos bancos privados mais respeitados da Europa, é simultaneamente um reconhecimento dessa transformação e um sinal de que o papel de Lisboa no panorama financeiro europeu está apenas a começar a ganhar forma.








