Com 44% da população de Vila do Bispo de origem estrangeira, Rute Silva convida toda a comunidade a se registrar e votar nas eleições locais e fazer com que suas vozes sejam ouvidas.

TPN: O que as pessoas de Vila do Bispo estão procurando?

RS: A população de Vila do Bispo quer o que todo mundo quer, quer saúde, moradia e educação. Esses são sempre os três pilares principais. Obviamente, eles querem um conselho mais desenvolvido, mas as pessoas também querem morar aqui justamente pelo que temos. As pessoas estão procurando educação para seus filhos e oportunidades de emprego.

Nossa taxa de desemprego é muito baixa por causa do turismo. Quando se trata de saúde, temos um pequeno centro de saúde e também não temos médicos de família, mas esse é um problema nacional. Em relação à habitação, devido à demanda, os preços da moradia aumentaram muito, e é muito difícil para uma pessoa ou uma família de classe média conseguir adquirir uma casa neste momento

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TPN: O que o município fez para dinamizar esses três pilares?

RS: Em relação à saúde, agora vamos trabalhar no centro de saúde de Vila do Bispo. Quando se trata de médicos de família, sempre tentamos negociar a agregação de médicos aqui

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Para a educação, construímos o centro escolar de Budens, quando eu era vereadora. Neste momento, nossa rede pré-escolar também aumentou e, durante o verão, trabalharemos na escola primária de Sagres, e também temos o objetivo de criar um centro escolar em Vila do Bispo, para criar ainda mais espaço

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No nível da habitação, temos nossa estratégia habitacional local aprovada. No momento, espera-se que ela ajude 139 famílias com necessidades habitacionais. Atualmente estamos construindo aqui em Vila do Bispo 29 casas, o que não é suficiente. No entanto, em termos sociais, temos uma regulamentação municipal de apoio às famílias necessitadas. Damos até 150 para apoiar o pagamento do aluguel. Também ajudamos pessoas que precisam de certos medicamentos quando enfrentam alguma dificuldade em comprar medicamentos. O município também apoia recém-nascidos, dando apoio financeiro a casais que têm

filhos.

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TPN: Como você descreveria a comunidade estrangeira que reside aqui?

RS: Vila do Bispo tem muitos estrangeiros com famílias jovens que querem morar aqui, e eu acho que é ótimo para nossos serviços educacionais porque eles nos trazem conhecimento sobre o mundo. No entanto, a questão de ter 44% da comunidade estrangeira também nos traz alguns problemas, como a questão da moradia, com uma comunidade estrangeira que vive em casas ilegais, e agora estamos tentando reposicionar a legalidade porque não podemos permitir que isso aconteça nessa área. Todos aqueles que estão aqui são bem-vindos, desde que sigam as regras, e eu acho que é ótimo para esta área local.

TPN: Qual é a importância da participação dessa comunidade estrangeira nas eleições locais?

RS: Se temos 44% da população de origem estrangeira, então é cada vez mais importante, e não apenas ter sua participação como eleitores, mas também sua participação nas próprias listas eleitorais. Temos, pelo menos em nossa lista, que tentar ter representantes da comunidade estrangeira, porque a visão deles do território é diferente, não é melhor nem pior, mas é diferente.

TPN: O que o município faz para receber a comunidade estrangeira?

RS: Uma das coisas que queremos fazer é escrever nossos manifestos também em inglês. Temos residentes que falam português, mas alguns ainda estão com dificuldades.

Acho que foi importante promover o aprendizado da língua portuguesa e também ensinar nossa cultura à comunidade estrangeira. Acho importante ensinar qual é a base da nossa cultura e da nossa língua, para aqueles que estão aqui, para tentar diminuir alguma discriminação que possa existir.

TPN: Como reagiu o PS em Vila do Bispo aos resultados das eleições nacionais?

RS: Não vejo problema quando outro partido político vence as eleições. Para mim, o problema é ver movimentos de extrema direita entrando na comunidade. Isso me choca. Hoje, eu sou o prefeito, mas posso não ser amanhã, mas ainda faço parte de uma comunidade.

Estamos falando de uma política, na minha opinião, que é muito xenófoba. E não é isso que eu quero, como cidadão de uma comunidade como a nossa.

Resumindo, não me chocou que o PSD tenha vencido as eleições porque é cíclico. Minha perspectiva é que nenhuma política extrema deve ser aplicada, seja no lado esquerdo ou direito do espectro político.

TPN: Como o município tentará superar esses resultados nas eleições locais?

RS: Não vou mudar minha maneira de estar na política, porque as pessoas precisam se decidir. A comunidade precisa ver o que quer.

E se as pessoas da comunidade decidirem que essa é a direção que elas querem, eu faço parte dela, embora eu possa não concordar. No entanto, é por isso que existe democracia. Não podemos criar uma democracia que nos convém pessoalmente. No entanto, ainda acho que esses tipos de partidos não são de origem democrática.

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TPN: Por que você acha que os municípios seguiram esse caminho, como você diz, não democráticos?

RS: Acho que tem muito a ver com o que nossa sociedade quer no momento. Em primeiro lugar, nossa sociedade quer que tudo seja rápido e pronto para amanhã, e as coisas não são assim.

No momento, acho que estamos em uma fase de tumulto. Na minha opinião, acho que esse tipo de festa acaba dizendo o que as pessoas querem ouvir. Quando, na realidade, se um dia eles chegarem ao poder, há medidas que eles certamente implementarão, mas há certas medidas que eles não serão capazes de implementar.

TPN: Você poderia fazer um apelo à comunidade estrangeira de Vila do Bispo para que se registre e vote nas eleições?

RS: O que eu diria é que eles deveriam participar e fazer parte da comunidade que lhes pertence. Todos são importantes e, acima de tudo, as pessoas devem contribuir.

Dessa forma, eles podem contribuir não apenas como parte das eleições, mas podem continuar fazendo parte do que é nossa comunidade. Isso é o mesmo para estrangeiros e para portugueses

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