Dizer à sua família que lhe foi diagnosticado um cancro da mama é uma das conversas mais difíceis que poderá ter.
As emoções são avassaladoras e muitas vezes prevalece o medo da reação dos entes queridos, o que pode tornar difícil saber por onde começar.
Antes do Mês da Consciencialização para o Cancro da Mama (outubro), falámos com alguns especialistas para recolher conselhos e dicas sobre como abordar esta conversa profundamente pessoal. Desde a preparação do que dizer até à gestão das reacções emocionais, eis algumas dicas práticas para o ajudar a partilhar o seu diagnóstico com as pessoas mais importantes...
Tire algum tempo para processar o diagnóstico
"A preparação emocional é muito importante. Tire algum tempo para se distanciar e processar a notícia primeiro em casa, no seu próprio espaço, antes de a discutir com a família", recomenda Kate Tomkinson, enfermeira especializada em cancro da mama e porta-voz da Prevent Breast Cancer Charity UK. "Reúna os seus pensamentos e deixe tudo assentar, e não se preocupe porque pode não o fazer durante algum tempo."
Escolha a altura e o local certos
"Não existe um livro de regras para quando se recebe um diagnóstico de cancro, não há uma forma certa ou errada de fazer as coisas", sublinha Tomkinson. "O importante é viver um dia de cada vez e fazer o que parece melhor para si. Quando sentir que é capaz de discutir a informação devastadora que lhe foi dada, essa será a altura certa para o fazer - e é importante não se sentir pressionado por isso.
"Muitos doentes esperam até depois de grandes celebrações, como o Natal, uma formatura ou um casamento, para contar à família o diagnóstico. Se está a planear contar-lhes pessoalmente, considere encontrar um local calmo e privado onde não seja interrompido."
Créditos: PA;
Falar com um profissional de saúde
Falar com um enfermeiro especialista sobre a partilha do seu diagnóstico com a sua família pode ser útil porque ele pode oferecer apoio, fornecer informações, ajudá-lo a compreender as suas opções e oferecer estratégias para comunicar honestamente e definir expectativas claras
"Quando os doentes são diagnosticados, é-lhes atribuído um enfermeiro especialista que podem contactar em qualquer altura", afirma Tomkinson. "Por isso, se estiver realmente a debater-se com a enormidade do diagnóstico, o que acontece com muitas pessoas, não tenha medo de o contactar."
Pense em escrever uma carta
"Pode preferir contar a alguém por telefone, por mensagem de texto ou por carta", diz Tomkinson. "Conheço muitos doentes que escrevem cartas porque acham que a ideia de ver a dor dos seus entes queridos em pessoa é demasiado angustiante."
Reconheça os seus sentimentos e preocupações
Lidar com familiares superprotectores depois de partilhar um diagnóstico pode ser muito difícil e cansativo, por isso tente expressar o impacto que está a ter em si.
"Reconheça o nível de preocupação deles, explique o impacto que está a ter em si e agradeça-lhes por se preocuparem o suficiente para estarem tão preocupados", aconselha Harding-Mackean. "Lembre-os gentilmente de que é importante que continuem a apoiá-los, mas indique onde estão os limites entre o apoio e a superproteção."
Estabelecer limites
"Seja claro e direto quanto aos limites que terá de respeitar em qualquer discussão sobre a sua saúde pessoal enquanto estiver a receber tratamento", aconselha Harding-Mackean. "Isto pode variar desde simplesmente dizer 'não vamos falar sobre isso agora, porque não me sinto confortável' até não responder a chamadas ou e-mails se os seus limites não forem respeitados."
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Evitar dar falsas garantias
"Por vezes, isto pode ser muito difícil para os membros da família, porque os doentes não querem perturbar os seus entes queridos", diz Tomkinson. "No entanto, na minha experiência, não ser honesto pode, de facto, causar mais danos.
"Por isso, tente ser forte e evite falsas garantias com a família e os amigos. Por muito difícil que seja dar más notícias, tente ser honesto."
Adaptar a linguagem à idade da criança
"Com as crianças é importante ser aberto e honesto com elas, mas tente adaptar a linguagem à idade da criança", recomenda Tomkinson. "Utilize uma linguagem adequada à idade. Por exemplo, com crianças pequenas, talvez seja melhor dizer que a mamã se está a sentir mal e que vai tomar um medicamento em vez de dizer quimioterapia."