Tornar-se pai pela primeira vez pode ser incrivelmente emocionante, mas também avassalador - e a adaptação a este novo capítulo da vida pode, por vezes, afetar o seu bem-estar.

Uma nova investigação da Universidade de Swansea levantou preocupações sobre as taxas de suicídio entre os novos pais, sugerindo que estes podem estar potencialmente em maior risco do que as novas mães.

O estudo - que foi financiado pela The 1001 Critical Days Foundation - analisou as taxas de suicídio entre mães e pais no País de Gales entre 2002 e 2021 durante os primeiros 1.001 dias de vida dos seus bebés e descobriu que, durante este período, 16 mães e 107 pais morreram por suicídio.

Depois de reflectirem sobre estas conclusões, os autores do estudo apelaram à inclusão dos pais nos serviços especializados de saúde mental perinatal.

Para compreender melhor as realidades emocionais de se tornar pai, falámos com alguns especialistas que partilharam algumas ideias valiosas sobre os sinais que podem indicar que os novos pais podem estar a ter dificuldades mentais e emocionais. Também ofereceram alguns conselhos úteis sobre o que os novos pais podem fazer para proteger e apoiar a sua saúde mental durante esta importante transição de vida.

Quais são alguns dos sinais de que um novo pai pode estar a ter dificuldades mentais ou emocionais?

"Mudanças de humor que durem mais do que duas semanas, como irritabilidade, retração ou raiva súbita, podem ser sinais de alerta", destaca Waqar Azam, psicoterapeuta integrativo da Living Well UK. "A dificuldade em dormir mesmo quando o bebé está em repouso, o sentimento persistente de desespero ou de sobrecarga, ou a perda de interesse por coisas que costumavam dar alegria são também sinais de alerta.

"Os parceiros ou a família podem notar mudanças primeiro, como o aumento do consumo de álcool, trabalhar excessivamente ou evitar a vida doméstica."

Porque é que muitos pais têm dificuldade em abrir-se sobre este assunto e a que problemas é que isso pode levar?

"Muitos homens sentem a pressão da sociedade para desempenhar o papel de protetor ou de provedor", reconhece Azam. "Falar sobre as suas emoções pode parecer uma fraqueza, especialmente se não tiverem tido modelos de homens que se abrem sobre a saúde mental."

O psicoterapeuta também observou como este silêncio pode levar ao ressentimento, ao esgotamento ou a uma depressão mais grave.

"Também pode ter impacto nas relações com as parceiras, levando a mal-entendidos ou a sentimentos de desconexão numa altura em que o trabalho de equipa é vital", explica Azam.

Se é um novo pai que está a lutar para lidar com a pressão, aqui estão algumas dicas úteis que podem ajudar...

Créditos: PA;

Criar uma rotina simples de manhã ou à noite

"Começar o dia com um alongamento de cinco minutos e um copo de água pode dar estrutura", diz Azam. "Partilhar um pequeno ritual diário com o seu bebé, como a leitura ou a hora do banho, também cria uma ligação e reforça o seu papel como pai."

Fale com alguém da sua confiança

"Escolha alguém seguro com quem falar e tente abrir a conversa com a frase 'Estou a achar muito difícil ter esta conversa, porque não estou habituada a falar sobre estas coisas'", recomenda a conselheira da BACP (Associação Britânica de Aconselhamento e Psicoterapia) Sarah Wheatley, que dirige a Birth and Beyond.

"Isto ajuda-os a perceber que esta é uma conversa muito difícil para si e que eles precisam mesmo de ouvir e prestar atenção."

Mexa o seu corpo

"Mesmo uma pequena caminhada diária pode reduzir o stress e melhorar o humor, podendo também dar-lhe a oportunidade de desanuviar a cabeça, desfrutando de alguma paz e sossego", diz Azam.

Escreva

"Escrever um diário pode ser uma boa forma de os novos pais começarem a refletir sobre o que estão a sentir ou a notar quaisquer alterações", diz Wheatley. "Além disso, se tiver dificuldade em abrir-se com as pessoas, escrever coisas antes da conversa pode ser útil. Por exemplo, pense em: o que é que eu quero que eles saibam? Há alguma coisa que eu queira que eles façam?"

Mantenha-se ligado

"Certifique-se de que mantém o contacto com amigos e familiares", aconselha Azam. "O apoio social é um dos melhores factores de proteção contra a má saúde mental. Não é à toa que se diz 'é preciso uma aldeia'."

Não tenha medo de pedir ajuda

"Quer se trate de cuidados infantis, de tarefas domésticas ou de apoio profissional, não tem de carregar tudo sozinho", diz Azam.

Créditos: PA;

Dar prioridade ao sono

"O sono é um dos maiores factores da saúde mental e a falta de descanso pode intensificar a ansiedade e o mau humor", salienta Azam. "Embora nenhum dos pais consiga dormir perfeitamente nos primeiros meses, partilhar as tarefas nocturnas sempre que possível e dormir a sesta quando o bebé dorme a sesta pode fazer uma diferença real. Mesmo pequenas quantidades de descanso extra melhoram a resiliência."

Exercícios de respiração

"Fazer cinco respirações lentas quando se sente a tensão a aumentar pode ajudar a acalmar o corpo", diz Azam.

Descarregar algumas aplicações úteis

"As aplicações Headspace e Calm podem ajudar com meditações curtas e gestão do stress", diz Azam. "O DadPad também é excelente e foi concebido especificamente para os novos pais, dando conselhos práticos e tranquilidade. Para monitorizar o humor, aplicações como Moodfit ou Daylio podem ajudar a detetar padrões que, de outra forma, poderiam passar despercebidos."