"Quem chega a um município como este - com um orçamento superior a 150 milhões de euros, bastante complexo e um dos mais importantes e sólidos financeiramente do Algarve - tem de fazer um balanço. É preciso saber em que estado está", disse Rui Cristina aos jornalistas.
O antigo deputado, que iniciou hoje funções como presidente da Câmara Municipal do concelho do distrito de Faro, foi eleito pela Chega com 40,51% dos votos, destronando o PSD/CDS-PP, que administrava o município há várias décadas e que ficou em segundo lugar nas eleições de 12 de outubro, com 32,30%.
Rui Cristina disse que vai reunir com os vereadores para analisar como avançar com as auditorias financeiras e processuais, que é uma prioridade, "sem criticar ninguém", sublinhou, e apenas para saber "por onde começar" e como implementar as suas ideias.
"Sabemos que há várias lacunas: é preciso investir na habitação, no acesso à saúde, na mobilidade e resolver alguns pontos de insegurança. Para isso, é preciso haver disponibilidade financeira e conhecer o estado atual das coisas. Há procedimentos que queremos perceber melhor", resume.
"Literacia processual"
Segundo o autarca, todos os presidentes de câmara, quando eleitos pela primeira vez, devem fazer auditorias para "começar do zero" e saber com o que podem contar: "É apenas uma questão de literacia processual: perceber o que podemos melhorar em termos de procedimentos, e também financeiros".
O acesso à habitação naquele que é o concelho mais turístico do Algarve é outra das suas prioridades, defendendo que é necessário acelerar a revisão do Plano Diretor Municipal, um processo que se arrasta desde 2016, para que se possa iniciar a construção de habitações a custos controlados ou acessíveis.
"Queremos construir mais habitação a preços acessíveis. Mas, para isso, precisamos de terrenos. O antigo presidente da Câmara, José Carlos Rolo, disse que havia várias áreas de terreno preparadas para construção; se essas áreas estiverem efetivamente prontas para receber este tipo de construção, avançaremos o mais rapidamente possível", sublinhou.
Segundo Rui Cristina, algumas destas casas serão atribuídas a trabalhadores essenciais, como médicos, professores e elementos das forças de segurança, profissionais difíceis de atrair para o Algarve devido ao custo da habitação e também à falta de creches, que é "um problema comum" em todo o Algarve.
"Cabe-nos a nós, enquanto município, alinhar estratégias internas para atrair estes profissionais especializados - professores, médicos e também a GNR (Guarda Nacional Republicana), tão necessária neste concelho, que teve 7,5 milhões de dormidas no ano passado, se não estou em erro", disse.
Segurança
Paralelamente, no que diz respeito às questões de segurança, Rui Cristina adiantou que pretende reunir com a Polícia Municipal, com o objetivo de abrir processos de recrutamento para reforçar os efectivos e aumentar o número de câmaras de videovigilância, defendendo também a municipalização dos bombeiros.
Para além da habitação e da segurança, o autarca dá também prioridade à saúde, o "grande problema" do concelho, onde 18 mil habitantes estão sem médico de família, levando o presidente da Câmara a querer implementar uma estratégia de parcerias para que, no espaço de um ano, possam ser realizadas mais de 12 mil consultas.
"Poderia haver uma parceria pública ou privada entre a Câmara Municipal e uma entidade do terceiro sector, como uma Santa Casa da Misericórdia, para criar condições semelhantes ao programa Bata Branca, em que a Câmara e o terceiro sector podem servir quem não tem médico de família, contratando médicos", exemplificou.
A vitória de Rui Cristina em Albufeira marca a entrada do Chega nas autárquicas no distrito de Faro, depois de o partido ter vencido as eleições legislativas de 2024 e 2025 no Algarve.
O Chega conquistou três dos sete lugares eleitos, o mesmo que o PSD/CDS-PP, enquanto a coligação PS-BE-PAN "Albufeira é Tua" ficou em terceiro lugar.






