Isso significa que os recursos do planeta disponíveis para este ano terminariam hoje se todas as pessoas do mundo consumissem como os portugueses.
No ano passado, Portugal atingiu o chamado dia de sobrecarga em 28 de maio, então recuou 23 dias no calendário e está consumindo recursos mais rapidamente.
A associação ambientalista Zero admite, em comunicado sobre o assunto, que os melhores resultados do ano passado refletiram o período da pandemia da Covid-19, quando houve uma desaceleração na produção e no consumo.
A associação destaca que 5 de maio é o pior resultado dos últimos anos e alerta que, se cada pessoa no planeta vivesse como um brasileiro comum, a humanidade precisaria de cerca de 2,9 planetas para sustentar suas necessidades de recursos.
“Há muitos anos, Portugal tem sido deficiente em sua capacidade de fornecer os recursos naturais necessários para as atividades realizadas (produção e consumo)”, diz a associação, lembrando que o resultado aproxima Portugal da média da União Europeia (UE) que teve seu dia de sobrecarga em 29 de abril.
A associação diz no comunicado que o modelo de produção e consumo que sustenta o estilo de vida português é responsável pelo desequilíbrio, e explica que o consumo alimentar (30% da pegada global do país) e a mobilidade (18%) estão entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a Pegada Ecológica de Portugal.
A Zero sugere medidas para reverter a tendência de antecipar o dia em que Portugal começa a usar o “cartão de crédito ambiental”, como investir em uma agricultura de qualidade, com mais produção de proteína vegetal, preservar o solo e reduzir a poluição e o consumo de água.
Também sugere reduzir o deslocamento e as viagens usando o teletrabalho e a teleconferência, aumentando os modos de transporte leves, como o ciclismo, e regulando para que os produtos colocados no mercado sejam sustentáveis (duráveis, capazes de serem reparados, reutilizados e reciclados, por exemplo).
Cada português, diz Zero, pode contribuir priorizando o uso do transporte público, consumindo de forma mais circular (não usando e jogando fora) e reduzindo o consumo de proteína animal.
Os dados de Portugal indicam, diz a associação, que cada português consome cerca de três vezes a proteína animal recomendada na roda alimentar, metade dos vegetais, um quarto das leguminosas e dois terços das frutas.
Atualmente, a Holanda também está esgotando os recursos que a Terra pode renovar em um ano. E os holandeses, como os portugueses, vivem como se houvesse quase três planetas e tratam a natureza como um recurso inesgotável, diz a “Global Footprint
Network”.Segundo a organização, o primeiro país a esgotar seus recursos neste ano foi o Catar, em 6 de fevereiro. Luxemburgo vem em segundo lugar, consumindo tudo em 17 de fevereiro.
Do outro lado do mapa, entre os países que conseguem economizar mais recursos, destaca-se o Uruguai, que só usa seus recursos em 17 de dezembro, e a Indonésia, em 18 de novembro.
A Global Footprint Network é uma organização internacional de pesquisa que fornece aos tomadores de decisão ferramentas para ajudar a economia humana a funcionar dentro dos limites ecológicos da Terra.
Em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a organização anuncia a data do “Dia da Superação da Terra”, o momento em que a necessidade da humanidade por recursos e serviços ambientais excede a capacidade do planeta Terra de regenerar esses mesmos recursos.