As alterações no regime fiscal, o aumento da tensão geopolítica e as mudanças no panorama dos vistos aceleraram a migração do património, com a Europa a emergir como o destino preferido devido à sua estabilidade política, estilo de vida e boa governação, e Lisboa a liderar o caminho entre as cidades preferidas.

Estas conclusões são do Relatório sobre o Estilo de Vida na Europa, elaborado por Quintela + Penalva | Knight Frank, através do seu parceiro Knight Frank em Londres. O estudo mostra como os indivíduos com elevado património líquido consideram mudar-se para ou dentro da Europa, demonstrando uma preferência pelas cidades em detrimento das zonas costeiras.

Lisboa é a cidade mais popular, seguida de Londres, Madrid, Dublin e Barcelona. Fora das grandes cidades, Chamonix lidera o ranking, com o Algarve a ocupar o 4º lugar.

Relativamente às gerações, o relatório revela que a Geração Z/boomers se sente mais atraída por Lisboa, enquanto as gerações mais jovens preferem Londres. Em termos de nacionalidades, a capital portuguesa atrai sobretudo cidadãos do Brasil, do Reino Unido e dos Estados Unidos. Os cidadãos brasileiros, franceses e americanos lideram as compras efectivas.

De acordo com o European Lifestyle Report, as principais prioridades para quem pretende mudar-se ou já está a fazê-lo são os cuidados de saúde, as escolas internacionais e os transportes. O relatório também destaca as oportunidades de negócio, a estabilidade financeira e os incentivos fiscais como as principais motivações, seguidos da estabilidade política, social e pessoal, do estilo de vida na reforma e da qualidade dos serviços de saúde.

Em 2024, os impostos não são um fator tão decisivo, ocupando apenas o terceiro lugar, atrás da segurança/privacidade e da empregabilidade.

Deslocação para as zonas urbanas

Ao contrário do que acontecia durante a pandemia de Covid-19, quando as estâncias e os retiros alpinos lideravam o caminho, existe atualmente uma tendência renovada para a vida urbana. O relatório indica também que quase metade dos inquiridos compraria uma casa ou uma moradia, sendo este tipo de propriedade a escolha preferida, seguida de apartamentos e penthouses e depois de propriedades rurais.

"Os ricos sempre tiveram opções, mas nunca as exerceram com tanta urgência e volume. Sabemos que o total global de indivíduos com elevado património líquido a mudarem-se ultrapassará os seis dígitos este ano. Aquilo a que estamos a assistir é mais do que uma simples mudança demográfica. Reflecte uma remodelação fundamental do panorama da riqueza global - impulsionada por fricções geopolíticas, uma recalibração dos regimes fiscais e uma nova era de maior mobilidade", afirmou Kate Everett-Allen, diretora de investigação residente na Europa da Knight Frank, num comunicado.

As conclusões do European Lifestyle Report são o resultado de um inquérito realizado pela equipa da Knight Frank a mais de 700 High Net Worth Individuals (HNWI), ou seja, indivíduos com um património líquido superior a um milhão de dólares. Os países abrangidos por este estudo foram Portugal, Reino Unido, Estados Unidos, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Irlanda, Holanda, Espanha e Suíça.

No total, foram inquiridas mais de 30 nacionalidades, 56% eram homens e os millennials destacaram-se como o maior grupo geracional (45%), seguidos da geração X (29%).