Entretanto, um inquérito realizado em 2021 pela NHR Global Association concluiu que 40% dos residentes dos RNH tinham comprado um imóvel em Portugal, enquanto 60% eram arrendatários. O mesmo estudo indicou ainda que cada residente dos RNH gastou, em média, cerca de 1.000.000€ em compras de imóveis em Portugal.

No entanto, a partir de 1 de janeiro de 2024, o programa RNH sofreu uma grande transformação com a introdução do RNH 2.0. Embora ainda ofereça benefícios fiscais substanciais, o regime renovado é agora especificamente concebido para atrair profissionais altamente qualificados e indivíduos que trabalham em sectores considerados estrategicamente importantes para o desenvolvimento económico de Portugal. As alterações assinalam uma mudança da ampla elegibilidade do regime original de RNH para uma abordagem mais específica destinada a atrair talentos que contribuirão para o crescimento a longo prazo de Portugal, particularmente em domínios como a ciência, a tecnologia, os cuidados de saúde e a investigação.


As novas regras do jogo: Compreender as Vantagens e Critérios do IFICI
No centro do regime dos RNH 2.0 (referido como IFICI - Incentivo Fiscal à Investigação Científica e Inovação) está uma taxa fixa de imposto sobre o rendimento de 20% sobre os rendimentos do trabalho dependente e independente de fonte portuguesa. Certos rendimentos de origem estrangeira, como salários, dividendos, royalties, juros, rendas e mais-valias, também podem ser isentos de tributação, desde que cumpram critérios específicos. No entanto, os rendimentos de pensões estrangeiros passam a ser tributados às taxas progressivas normais em Portugal.

Para beneficiar do IFICI, as pessoas singulares devem tornar-se residentes fiscais em Portugal após 1 de janeiro de 2024, não ter sido residentes fiscais em Portugal nos cinco anos anteriores e possuir habilitações académicas de nível superior ou experiência profissional equivalente. Os candidatos devem também trabalhar em sectores reconhecidos como estratégicos para a economia portuguesa, incluindo áreas como o ensino, a investigação científica, a tecnologia, a saúde e a inovação.

David Moura-George, Diretor-Geral da Athena Advisers Portugal, comenta: "A mudança de Portugal para um regime de RNH mais específico sublinha o seu empenho em atrair talentos de alto nível em sectores cruciais para o futuro da sua economia. Para os profissionais qualificados, isto oferece uma clara oportunidade de beneficiar de taxas de imposto favoráveis, ao mesmo tempo que contribui para o crescimento de Portugal em inovação e tecnologia."


Onde o talento encontra a oportunidade: O duplo apelo de Portugal
Embora o IFICI vise principalmente os profissionais, continua a apresentar oportunidades para os investidores imobiliários e para os indivíduos envolvidos em fluxos de rendimento passivos. Portugal continua a ser um local atrativo para o investimento imobiliário, com a sua elevada qualidade de vida, mercado imobiliário acessível e ambiente favorável às empresas.

Portugal continua a ser um destino muito procurado por investidores e profissionais. O país oferece um clima agradável, uma elevada qualidade de vida e um mercado imobiliário comparativamente acessível quando comparado com outras capitais da Europa Ocidental. Em outubro de 2025, o preço médio nacional da habitação em Portugal era de 2.970 euros por metro quadrado, enquanto os preços no centro da cidade de Lisboa variavam entre 6.000 e 8.000 euros por metro quadrado. As localizações de luxo podem ultrapassar os 10 000 euros por metro quadrado. Estes factores, juntamente com os incentivos fiscais ao abrigo do regime NHR 2.0, fazem de Portugal um dos locais mais desejados tanto por profissionais qualificados como por reformados.

O regime também continua a incentivar o investimento nos sectores em crescimento de Portugal, incluindo as empresas de tecnologia, as indústrias orientadas para a exportação e a investigação e desenvolvimento. Além disso, as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira oferecem incentivos regionais únicos para aqueles que optam por se estabelecer e trabalhar nessas regiões.

David Moura-George observa que: "Embora o NHR 2.0 possa reduzir a elegibilidade para alguns, o mercado imobiliário português continua a ser um atrativo para os investidores. O país oferece uma combinação atractiva de uma vida de alta qualidade, preços imobiliários acessíveis e uma forte procura - especialmente em Lisboa e no Porto. O novo regime complementa o sector imobiliário português, tornando-o um destino atrativo para investimentos a longo prazo."

Uma mudança estratégica para Portugal
O IFICI reflecte a mudança estratégica de Portugal para as indústrias baseadas no conhecimento e na inovação. Embora o novo regime seja mais restritivo do que o seu antecessor, continua a ser uma opção atractiva para os profissionais que trabalham em sectores de elevada procura, como a tecnologia e os cuidados de saúde. Para aqueles cujos rendimentos provêm principalmente de fontes passivas, como as pensões, o novo regime pode oferecer menos vantagens em comparação com o RNH original.

Os profissionais e investidores que pretendam tirar partido deste novo enquadramento fiscal devem avaliar cuidadosamente a sua elegibilidade e consultar os seus consultores jurídicos e fiscais para garantir que cumprem os requisitos necessários. O IFICI posiciona Portugal como um destino com visão de futuro, apelativo para aqueles que podem contribuir para o crescimento a longo prazo do país e para a agenda de inovação.

"O NHR 2.0 representa uma mudança estratégica do governo português, que continuará a atrair profissionais na vanguarda da inovação, assegurando simultaneamente a sustentabilidade a longo prazo em sectores críticos para o futuro do país. O regime posiciona Portugal como um destino líder para o talento, e é um momento emocionante para aqueles que procuram alinhar a sua experiência com o crescimento económico do país", conclui David Moura-George.

Se pretende ter uma noção mais clara do regime português de RNH, assista à repetição do nosso webinar para o explorar melhor: Compreender o RNH 2.0 - Elegibilidade, alterações e próximos passos